Uma queda no banheiro, um tropeço na sala, o esforço para erguer o neto no colo. Em muitos casos, a osteoporose só se revela quando a fratura já aconteceu. A International Osteoporosis Foundation estima que cerca de uma em cada três mulheres e um em cada cinco homens acima dos 50 anos terão ao menos uma fratura por fragilidade ao longo da vida.
De acordo com a Sociedade Mineira de Reumatologia, essa condição é caracterizada por baixa densidade mineral óssea e deterioração da microarquitetura do tecido ósseo, o que torna os ossos mais frágeis e suscetíveis a fraturas. Inclusive, é uma das principais causas de lesões ósseas em mulheres pós-menopausa e em homens mais idosos. Esses episódios podem ocorrer em qualquer região, mas são mais comuns nos ossos do quadril, nas vértebras da coluna e no punho conforme descrito em publicação da UFS Health.
Por isso, as estratégias de prevenção começam muito antes da terceira idade e envolvem diversos fatores como atividade física regular, exposição controlada ao sol para síntese de vitamina D, e, claro, alimentação adequada.
Por que a carne bovina se destaca nesse cenário

Quando se fala especificamente em carne bovina magra de boa qualidade, alguns pontos são particularmente relevantes para a saúde óssea e muscular, segundo o site da International Osteoporosis Foundation. A carne bovina fornece todos os aminoácidos essenciais em proporções adequadas, fundamentais para a síntese de colágeno e para a manutenção da matriz óssea, e é uma fonte importante de zinco, fósforo, ferro e vitaminas do complexo B, especialmente B12 e B2, envolvidos em processos de remodelação óssea, metabolismo energético e manutenção da massa muscular. Além disso, a mesma proteína que ajuda a preservar o osso é essencial para os músculos. Ingestões proteicas mais altas, em conjunto com cálcio e vitamina D, estão associadas a maior densidade mineral óssea, menor perda de osso ao longo do tempo e menor risco de fraturas em idosos.
Assim, quando inserida em uma dieta variada, a carne bovina não atua isoladamente, mas como parte de um contexto alimentar que favorece ossos e músculos mais fortes.
O estudo “The association between dietary patterns and osteoporosis in postmenopausal women” realizado na China com 1.905 mulheres na pós-menopausa investigou a relação entre frequência de ingestão de carne e osteoporose. As participantes foram divididas em quatro grupos de acordo com a frequência de consumo: “raramente”, “1 a 2 vezes por semana”, “a cada dois dias” e “sempre”. A prevalência de osteoporose foi de 31,16% no grupo que raramente consumia e de 23,91% entre aquelas que a consumiam a cada dois dias. A diferença absoluta entre os grupos é de 7,25 pontos percentuais, o que corresponde a uma redução relativa de cerca de 23,2% na prevalência da doença entre mulheres com ingestão regular, em comparação às que quase não a ingeriam. Ou seja, nesse grupo de mulheres, a presença frequente da carne na dieta esteve associada a menor probabilidade de osteoporose.
Revisões amplas sobre proteína e saúde óssea, como a da National Osteoporosis Foundation e o artigo publicado em consenso por especialistas da European Society for Clinical and Economical Aspects of Osteopororosis, Osteoarthritis, and Musculoskeletal Diseases, e da International Osteoporosis Foundation, reforçam que dietas com maior teor de proteínas, incluindo a animal, quando combinadas com ingestão adequada de cálcio, tendem a ser mais protetoras para a densidade mineral óssea do que padrões alimentares com baixa ingestão proteica.
Osteoporose e o consumo de carne
Embora a carne bovina magra seja uma excelente fonte de proteínas e nutrientes, é importante observar a qualidade do corte consumido. Cortes mais gordurosos podem ter maior proporção de gordura saturada, que deve ser consumida com moderação para evitar riscos à saúde cardiovascular. Do ponto de vista nutricional, estudos e especialistas destacam que a ingestão adequada de proteínas ao longo do dia é um fator relevante para a manutenção da massa muscular e da saúde óssea, especialmente em adultos mais velhos. Em geral, recomenda-se distribuir o consumo de proteína entre as refeições, com cerca de 20 g de proteína por refeição, o que pode ser alcançado com porções de carne bovina magra, associadas a outros alimentos do prato.
Ou seja, uma dieta equilibrada, rica em proteínas, cálcio, vitamina D e outros nutrientes essenciais, pode ser um fator decisivo na prevenção da osteoporose. No entanto, é importante lembrar que a alimentação deve ser parte de um estilo de vida saudável, que inclui a prática regular de exercícios físicos, especialmente atividades que fortalecem os ossos, como o levantamento de peso, e a exposição moderada ao sol para garantir níveis adequados de vitamina D. Também é recomendada a orientação médica para definir a dieta e o tratamento mais apropriados a cada caso.
Fontes de referência:
International Osteoporosis Foundation
Osteoporose: Entendendo a doença e seus fatores de risco
Osteoporosis in men – USF Health
The role of proteine in bone health
The association between dietary patterns and osteoporosis in postmenopausal women