Dá para comer carne e ser saudável?

Ciência mostra como manter a saúde comendo carne vermelha.

Por Redação em 19 de agosto, 2025

Atualizado: 23/09/2025 - 12:35


A ciência mostra que sim. Trata-se de uma questão de equilíbrio! De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a variedade de alimentos é fundamental para prevenir deficiências nutricionais e doenças crônicas: uma dieta diversificada, composta de cereais, vegetais, frutas, ovos, carne, peixe, laticínios e óleos, fornece a energia necessária para manter o corpo ativo e saudável.

Um estudo publicado em 2022 na revista científica Frontiers in Nutrition mostrou que um alto nível de diversidade alimentar está relacionado a uma mortalidade mais baixa. Outro trabalho, realizado com idosos chineses no mesmo ano, revelou que aqueles que tinham maior diversidade alimentar apresentaram um estado de saúde melhor, com habilidades e capacidades essenciais preservadas.

A origem da carne vermelha

Foto: VetalStock / Adobe Stock

Apesar de a carne vermelha ser normalmente associada ao gado, ela também é proveniente de vários outros animais. É o caso de cordeiro e carneiro, cabra, veados e porcos. O que conta é a presença de mioglobina, proteína que garante a cor de seu tecido muscular.

Foi a partir da domesticação de animais como gado, ovelhas, cabras, porcos e galinhas, há cerca de 10 mil anos, que a carne entrou na dieta humana de forma mais acessível e constante. “A carne vermelha tem sido parte essencial da dieta humana há milênios, fornecendo uma fonte de proteína de alta qualidade, micronutrientes e ácidos graxos essenciais”, lembra uma revisão de estudos publicada este ano na
revista científica Animal.

Ao longo da história, o homem foi incorporando alimentos à sua alimentação e não limitando. Embora seja difícil reconstruir com precisão as dietas ancestrais humanas, sabe-se que elas eram variadas e semelhantes às de caçadores-coletores modernos – essas populações, aliás, apresentam taxas mais baixas de doenças crônicas em comparação com pessoas com dietas mais industrializadas.

Carne vermelha, pura força

A carne é um dos principais fornecedores de proteína de alta qualidade para o corpo humano, sendo considerada uma fonte completa do nutriente – o que significa que contém todos os aminoácidos essenciais. As proteínas são componentes necessários para o crescimento, construção e reparação dos tecidos, entrando na constituição de todas as células. Também fazem parte da composição dos anticorpos do sistema imunológico, participando ativamente de vários processos metabólicos. Outra vantagem: a digestibilidade da proteína da carne é superior à do feijão e do trigo. Cozida, a carne contém até 36 gramas de proteína em 100 gramas de carne crua.

Outros nutrientes de peso

Foto: Mediteraneo / Adobe Stock

De acordo com o Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde, a lista de nutrientes fornecidos pela carne é longa:

  • Ferro (associado à memória e à oxigenação);
  • Zinco (importante para funções imunológicas e para a cicatrização);
  • Selênio (um poderoso antioxidante);
  • Ácidos graxos ômega-3 (que ajudam na saúde cardiovascular);
  • Vitamina B12 (relacionada a processos neurológicos, vasculares, imunológicos e inflamatórios). Com um fator adicional: estudos mostram que as concentrações de vitamina B12 em carnes de ruminantes costumam ser maiores do que em animais como porcos e aves, e mais ferro e zinco
    são absorvidos da carne vermelha do que de fontes vegetais. Para se ter uma ideia,
    100 g de carne bovina contêm cerca de 2,6 microgramas de vitamina B12,
    enquanto a mesma quantidade de espinafre oferece menos de 0,1 micrograma. Isso
    demonstra que um ser humano não conseguiria atingir a mesma quantidade de
    vitamina B12 presente na carne bovina apenas consumindo o vegetal.

Benefícios

Por conta do perfil nutricional da carne vermelha, a ciência afirma que há, sim, benefícios no consumo moderado. A recomendação do Ministério da Saúde é de até 500 gramas por semana (cozida).

A dieta com ingestão adequada de proteínas está associada à melhora da força muscular e função física. Também está positivamente correlacionada com a expectativa de vida. Em crianças, um estudo realizado nos EUA confirmou o papel da carne bovina como um alimento importante para o desenvolvimento cognitivo.

O impacto da exclusão

Tirar ou reduzir o consumo dos nutrientes presentes na carne tem consequências. Um estudo recente mostra que retirar uma porção de 85 gramas de carne ou aves dos padrões alimentares saudáveis pode resultar em diminuições (10% ou mais) de proteína e de vários micronutrientes essenciais, incluindo ferro, fósforo, potássio, zinco, selênio, tiamina, riboflavina, niacina, vitamina B6, vitamina B12 e colina, além de colesterol e sódio. De acordo com o livro “Sacred Cow”, de Diana Rodgers e Robb Wolf, a falta de vitamina B12 pode provocar distúrbios neurológicos e anemia, enquanto a carência de ferro também está associada à anemia. Além disso, os autores destacam que o consumo de carne magra, dentro de uma dieta equilibrada, pode estar relacionado a um menor risco de certos tipos de câncer.

Não é ultraprocessado!

Quando o assunto é processamento de alimentos, eles podem ser classificados em três categorias: ultraprocessados, que envolvem múltiplas etapas de fabricação e o uso de diversos ingredientes, em sua maioria são de origem industrial, como refrigerantes, biscoitos recheados, salgadinhos de pacote e macarrão instantâneo; processados, que são produtos que passaram por adição de sal ou açúcar; alimentos in natura ou minimamente processados, como legumes em conserva, frutas em calda, queijos e pães; e in natura, que são alimentos obtidos diretamente de plantas ou animais e adquiridos para consumo sem qualquer alteração, como folhas, frutos, ovos e leite.

A carne está no grupo dos minimamente processados. Em um estudo de 2022, pesquisadores americanos afirmam terem encontrado evidências fracas de associação entre consumo de carne vermelha não processada e complicações de saúde como câncer colorretal, câncer de mama, diabetes tipo 2 e
doença cardíaca isquémica.

De olho no pasto

Foto: Alf Ribeiro/ Shutterstock

A ração que alimenta os animais pode influenciar no teor de gorduras totais e saturadas e na composição de ácidos graxos da carne vermelha que chega ao seu prato. Além de mais magro, o gado alimentado a pasto possui mais ômega 3, mas o impacto positivo vai além da saúde: no quesito sustentabilidade, esse tipo de produção é um exemplo da pecuária regenerativa, que foca em práticas de manejo sustentável para beneficiar o meio ambiente. Essa abordagem prioriza a conservação do solo, o bem-estar animal e a integração de pastagens com áreas de preservação e vegetação nativa, promovendo a biodiversidade e reduzindo a emissão de gases de efeito estufa. A Minerva Foods segue ainda outros padrões, como a rastreabilidade de origem, garantindo conformidades ambiental, trabalhista e da terra, monitoramento geográfico de fazendas, mapeamento dos ciclos de produção (cria, recria e engorda), investimento social e desenvolvimento técnico de pessoas.

Na hora de preparar

Segundo o Ministério da Saúde do Brasil, as formas de preparo mais indicadas para cortes com mais gordura são assar, grelhar ou refogar. Já cortes com menos gordura vão bem ensopados. E sempre com a menor quantidade possível de óleo e sal. A forma de preparo também pode influenciar na capacidade de absorção de proteína. Cozinhá-la em temperatura mais baixa (55°C) por um curto período de 5 minutos é mais vantajoso do que em alta temperatura (90 °C) por um período maior que 30 minutos (Review: On-farm and processing factos affecting bovine carcass and meat quality).

Perda de peso

Criada na década de 1920 como uma alternativa terapêutica ao tratamento de epilepsia, a dieta cetogênica é uma das estratégias mais adotadas por quem quer perder peso. Com os carboidratos drasticamente reduzidos, o corpo procura outras fontes para o fornecimento de energia às células – no caso, a gordura, cujo consumo é aumentado. O processo também gera moléculas que influenciam
hormônios relacionados ao apetite.