Por muitos anos, a tecnologia blockchain foi exclusivamente associada às criptomoedas e plataformas de finanças descentralizadas. Mas a versatilidade desses ecossistemas digitais permite que eles sejam integrados nos mais variados segmentos – incluindo o agronegócio.
Embora existam tecnologias robustas e competentes dentro desse mercado, existem alternativas mais economicamente viáveis, escaláveis e precisas para realizar as mesmas funções.
O que é a tecnologia blockchain?

Trata-se de uma tecnologia de registro digital que permite armazenar dados de forma segura, transparente e imutável. Em alguns casos, não é necessário haver uma autoridade controladora central, algo comum em projetos tradicionais.
As informações são agrupadas em blocos que se conectam cronologicamente, formando uma “cadeia de blocos” protegida por criptografia de ponta.
Para garantir a integridade e a segurança das informações, os dados são gerenciados por uma rede de computadores (nós) – e todos os participantes validam as transações por meio de mecanismos de consenso.
Uma vez registrado, um bloco não pode ser alterado sem que todos os anteriores sejam modificados. Em síntese, quanto mais blocos forem atrelados à cadeia, mais segura a rede se torna.
Cenários práticos de uso
Dentro do contexto do agronegócio, a tecnologia blockchain pode ser incorporada em virtualmente todas as etapas:
Cadeia de suprimentos (Supply Chain)

Aplicações específicas foram desenvolvidas com a finalidade de aprimorar a rastreabilidade ponta a ponta, garantindo que todos os processos sejam auditáveis em tempo real.
Dados como fazenda de origem, ração utilizada, transporte até o frigorífico, data de abate e validação sanitária podem ser armazenados com segurança em servidores distribuídos. Esse nível de transparência ajuda a fortalecer a confiança dos consumidores, além de agregar valor ao produto.
Plataformas como BeefLedger e HerdX oferecem rastreamento de animais via blockchain e conecta produtores diretamente com consumidores. Os dados são acessíveis via QR Code, o que facilita a verificação de antecedentes.
Tokenização bovina

Uma parceria firmada entre QR Cattle, DataCurrency e Lopes & Zorzo Advocacia transformou bois em ativos digitais via blockchain. Com a utilização da biometria do espelho nasal dos animais, são criados identificadores únicos e imutáveis que atestam a qualidade dos espécimes.
Com isso, esses ativos podem ser comercializados tanto em plataformas financeiras tradicionais, como dentro do mercado financeiro descentralizado (DeFi).
Exportações agropecuárias

Uma matéria realizada pelo portal Dourados Agora correlaciona a incorporação da tecnologia blockchain e do Real Digital (Drex) à necessidade de adaptação digital. Apenas no Mato Grosso do Sul, foram registrados US$ 7,24 bilhões em exportações – o que representa um aumento de 3,26% em relação ao ano anterior. Com a presença de ecossistemas online mais robustos, os resultados para os próximos anos poderão ser ainda mais otimistas.
Moedas digitais e outros ativos tokenizados também podem servir como base para facilitar o fechamento de contratos. Isso porque, na maior parte dos casos, as transações via blockchain são muito baratas e independem de intermediários adicionais de confiança, o que pode refletir no preço final dos alimentos ao chegarem à mesa dos consumidores.
O portal Embrapa aponta o Brasil como um dos maiores players de exportação agropecuária do mundo. Os dados mais recentes cobrem o período de 1997 a 2023, dentro do qual o país assumiu 25% dos produtos agropecuários em circulação no mundo. Com a integração da tecnologia blockchain nos negócios, espera-se que esses índices sejam aumentados ao longo dos próximos anos.
Fontes de referência:
O que está por trás da qualidade da carne bovina?
Tokenização do agronegócio: blockchain e Drex nas exportações de Mato Grosso do Sul