Manejo nutricional no confinamento garante eficiência na produção de gado

Controle da alimentação e oferta de água de qualidade aumentam a produtividade e reduzem perdas na pecuária de corte.

Por Redação em 19 de agosto, 2025

Atualizado: 22/09/2025 - 17:59

Manejo alimentar
Foto: Minerva Foods

A agropecuária é uma das principais atividades econômicas do Brasil e apresenta crescente investimento em pesquisa e tecnologia. Nos últimos anos, o País se consolidou como um dos principais produtores mundiais de bovinos de corte.

A área ocupada por pastagens atingiu seu pico em 2007, com 173,5 milhões de hectares. De lá para cá – 16 anos depois –, houve uma retração de 18 milhões de hectares. Essa redução é resultado da expansão da agricultura e da busca pela intensificação, o que aponta a necessidade de gerenciar de forma estratégica as transformações no cenário agropecuário brasileiro.

Tendo em mente os sistemas de criação intensiva no Brasil, o confinamento de bovinos – sobretudo nas fases de recria e terminação – surge como uma estratégia para a produção de carne de qualidade, em menor área e espaço de tempo (Benchmarking Confina Brasil, 2023).

No entanto, vale ressaltar que o sucesso dessa atividade depende de algumas características determinantes, como o manejo alimentar, que vai muito além do fornecimento de uma dieta balanceada com ingredientes de qualidade.

Nutrição em confinamento: atenção ao cocho!

O fornecimento de alimentos de maneira ajustada, que garanta qualidade e quantidade adequadas diariamente, é conhecido como manejo de cocho. A uniformidade desse manejo, que consiste basicamente em “quando” e “como” alimentar os bovinos, está diretamente ligada à leitura dos cochos, aos horários e ao número de tratos diários (VASCONCELOS, 2007).

Como os bovinos se adaptam à rotina, é recomendado padronizar os horários dos tratos e evitar eventuais atrasos, respeitando seus hábitos de consumo. A maior busca por alimento ocorre no início da manhã, final da tarde e à noite. É indicado fornecer uma parcela maior no último trato do dia, considerando que o próximo fornecimento será apenas no dia seguinte.

De acordo com os dados do benchmarking Confina Brasil 2023, em 180 propriedades pesquisadas, em média, são ofertados 3,8 tratos diariamente. O parcelamento máximo da ração chegou até 9 vezes ao dia, como no caso de confinamentos no sul do País, que contam com sistemas de alimentação automáticos.

O gráfico abaixo mostra a média estadual referente ao número de tratos diários fornecido pelas propriedades pesquisadas pela expedição em 2023.

Fonte: Confina Brasil / Elaborado por Scot Consultoria

Manejar de maneira errônea afeta o consumo de matéria seca, o que pode gerar distúrbios metabólicos, comprometer a sanidade do rebanho e, consequentemente, encarecer a arroba produzida.

Fracionar a dieta não só reduz as perdas, mas também a intensidade da produção de ácidos graxos da fermentação ruminal a cada refeição, pelo simples fato de ter menos alimento disponível para ser fermentado. Quando as refeições são pouco espaçadas no período, o pH ruminal pode estar ainda baixo, por influência da fermentação da refeição anterior, e uma nova ingestão de alimentos pode facilmente deixar o pH fora da faixa ideal, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Segundo a instituição, outro ponto importante a ser observado é a homogeneização da dieta, que, quando feita de maneira correta, evita que os bovinos selecionem parte do alimento que apresenta maior taxa de fermentação. Isso ocorre quando o animal seleciona o concentrado entre o volumoso ou algum ingrediente concentrado mais fermentescível.

Leitura de cocho é importante?

É recomendado que as leituras sejam realizadas pela manhã, antes do primeiro trato do dia, atribuindo notas às sobras no cocho. De acordo com o benchmarking do Confina Brasil 2023, 37% dos entrevistados fazem a leitura de cocho pela manhã e ajustam por baia, enquanto 29% deles fazem duas leituras (diurna e noturna) para ajuste fino, como mostra no gráfico a seguir.

Fonte: Confina Brasil / Elaborado por Scot Consultoria

A má mistura dos ingredientes, o fornecimento inadequado e o mau espaçamento de cocho – dentre outros fatores – afetam o consumo e, consequentemente, a eficiência produtiva do gado.

Daí a importância de uma avaliação visual diária feita pela mesma pessoa, devidamente treinada, para evitar divergência nas observações. É importante existir um padrão, definido pelo responsável pela leitura, visando sempre evitar ausência ou excessos.

E a água?

De acordo com o pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste Julio Cesar Palhares, a água é a grande protagonista no contexto da nutrição animal. Para o especialista, só depois de considerá-la é que devemos pensar em ração. Muito se fala a respeito do pasto, da qualidade dos grãos, mas pouco se comenta sobre a qualidade da água, o que é um contrassenso na produção animal.

É pouco comum, no Brasil, a avaliação do consumo de água dos bovinos – não só o consumo, mas também os parâmetros físico-químicos desta água. A má qualidade da água a qual os animais têm acesso pode causar enfermidades e até a morte de animais jovens, além de impactar no consumo de ração, afirma ele.

Nutrição e o tripé da produção de bovinos

A nutrição faz parte do tripé – genética, manejo e nutrição – que mantém a dinâmica e afeta diretamente a produção de bovinos de corte no Brasil. Muitos desafios englobam o planejamento alimentar, como a garantia dos níveis adequados de nutriente para assegurar o bom desempenho dos bovinos, visando eficiência econômica.

Dessa forma, cada propriedade deve estabelecer o seu manejo alimentar ideal, de acordo com a sua realidade de produção. Sempre devem ser levados em consideração os ingredientes utilizados, as instalações dos bovinos, a mão de obra disponível e outros fatores relevantes.


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